segunda-feira, 21 de junho de 2010

Homenagem a um dos pioneiros do montanhismo brasileiro


Franklin de Massena (Aiuruoca 1838 - Rio de Janeiro 1877)

"Foi lá que tudo começou - o alpinismo no Brasil. No inicio do século XIX, uma senhora inglesa conquistou o Pão de Açucar subindo pelo costão, ferindo o brio dos colonizadores portugueses, que, logo no dia seguinte, escalaram a pedra e substituíram a bandeira inglesa que ela havia fincado pela de seu país. Mas, veja, há várias versões sobre este fato. Depois, em 1828, se eu não me engano, há registros de subida na Pedra da Gávea para fins de exploração. Mas foi aqui, nas Agulhas Negras, que temos notícia da primeira escalada nacional do país".
(Livro: Memórias da Montanha, por Denise Emmer - 2006)

“No principio de minha mocidade tinha visitado os altos da Serra do Papagaio, em 1849. Sentado sobre seus cumes eu contemplava a sul uma montanha, que, assomando seus píncaros sobre os mais altos cumes da Mantiqueira, disputava o firmamento”

(Franklin de Massena, “Ascençâo Scientifica ao Itatyaia”, edição de 1867).

Filho do capitão José Antônio da Silva com Dona Marianna Carolina Ferreira. Casou-se e teve dois filhos com Guilhermina Leite Carrijo, natural de Santa Izabel-RJ.


Recebeu o grau de Doutor em Matemática e filosofia pela Universidade de Roma, Itália.

Com sua passagem quase meteórica pela Terra foi ainda engenheiro, astrônomo, geógrafo e historiador. No entanto, perdeu o uso da razão, e foi internado no hospício D. Pedro II, no Rio de Janeiro, onde passou seus últimos dias vindo a falecer em 09 de maio de 1877, com quarenta anos incompletos.

Interessando-se por geografia, deixou alentado trabalho sobre as montanhas sul mineiras.

Franklin de Massena também foi o pioneiro do alpinismo brasileiro que começou no Itatiaia por volta de 1800. Foi ele que, em 1856, venceu o Pico das Agulhas Negras pela primeira vez e, desde então, com esse seu ato, impulsionou o alpinismo no Brasil que se desenvolve até hoje, a cada dia mais.

Prova disso é um artigo da “Revista Montanha” falando sobre a história do montanhismo no Brasil: “... Em 1856 ocorre a primeira escalada com ”Conquista“ de montanha no Brasil, quando o cidadão José Franklin da Silva Massena, morador na antiga Vila de Aiuruoca, movido por um pioneirismo quase visionário, escala os imponentes paredões sulcados de Pico das Agulhas Negras, no maciço do Itatiaia, atingindo então a maior altitude que um brasileiro já alcançara em nosso país, a 2.787m de altura...”.

O matemático e astrônomo aiuruocano, Franklin de Massena, com sua incrível capacidade de prever fenômenos meteorológicos sem o auxílio de nenhum aparelho, impressionou pessoas como D. Pedro II. A publicação de seu livro “Ascenção ao Itatiaia”, chegou às mãos de D. Pedro II, fato que o tornou bastante conhecido, e inclusive fez com que o Imperador, reconhecendo-lhe os méritos, lhe concedesse, ao saber de sua capacidade em prever tais fenômenos, uma bolsa de estudos e o encaminhasse à Europa para que fosse estudar e aprofundar-se no campo da astronomia na Universidade de Roma.

De volta ao Brasil, D. Pedro II encomendou-lhe o levantamento geográfico do sul de Minas, então quase totalmente desconhecido, incluindo mapeamento geológico e botânico. Os trabalhos agradaram de tal forma o Imperador que este o agraciou com a Ordem da Rosa, honraria esta que se estendeu ao seu irmão, Antônio Martiniano da Silva Benfica, compositor de musica sacra.

No entanto, perdendo o uso da razão, e internado no hospício D. Pedro II, no Rio de Janeiro, onde passa seus últimos dias vindo a falecer em 09 de maio de 1877, com quarenta anos incompletos.

As obras de Franklin de Massena encentram-se, todas, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Fonte: araju.com.br


Parque Nacional do Itatiaia - História do Parque
Antes do Parque, os índios Puris habitavam a região de Itatiaia até o final do século XVIII. Somente a partir do início do século XIX, com a passagem pela Serra da Mantiqueira, via Garganta do Registro, a região do Planalto começa a ser desvendada por naturalistas brasileiros e estrangeiros.

1856 - O engenheiro José Franklin Massena faz a primeira expedição ao Planalto do Itatiaia.
1878 - Engenheiro André Rebouças visita a região e propõe a criação de áreas naturais protegidas.
1908 - O governo adquire 48 mil hectares das fazendas do filho do Visconde de Mauá e uma parte desta área é destinada para implantação de Núcleos Coloniais para imigrantes.
1914 - Fracasso do projeto de colonização. Instalação de Reserva Florestal nas terras do ex-Núcleo Colonial de Itatiaia.
1928 - Instalação da Estação Biológica do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
1937 - Getúlio Vargas cria o Parque Nacional do Itatiaia, primeiro parque do Brasil.
1942 - Inicia-se a construção do Edifício Sede - atual Centro de Visitantes.
1950 - Construção das edificações e abrigos Massena, Rebouças e Lamego.
1982 - Ampliação da área do Parque Nacional.
1996 - Museu da Flora e Fauna passa a ser Centro de Visitantes Prof. Wanderbilt Duarte de Barros.
2001 - Implantação do PrevFogo.
2007 - Inauguração da revitalização do Parque durante as comemorações dos seus 70 anos.

Fonte: GEAN - Grupo Excursionista Agulhas Negras.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Travessia Ruy Braga (Rebouças-Sede)

A Travessia Ruy Braga no Parque Nacional do Itatiaia, reaberta oficialmente no dia 24 de setembro de 2007 é uma das primeiras travessias percorridas por montanhistas ou "mantiqueiristas" como eram conhecidos na época. Ela possui 30km de extensão partindo do Posto Marcão, na estrada da parte alta do PNI até a cachoeira da Maromba na parte baixa do PNI. Ela pode ser realizada em um dia, em 8h de caminhada ou em dois dias com pernoite no abrigo Massena.


A travessia Ruy Braga (Rebouças-Sede) tem uma longa história. Mais longa ainda do que a história do próprio Parque Nacional. Único acesso à região do planalto até a construção da BR-485, ligando a Garganta do Registro até o planalto do Itatiaia, este trecho foi largamente utilizado pelos “desbravadores” do planalto, utilizando-a para conquistar os principais cumes que hoje atraem milhares de visitantes.

A instalação de um Posto Meteorológico pelo Ministério da Agricultura no início do século XX (década de 1910) na baixada existente ao sul da linha de rochosos que contém as Prateleiras e a Pedra Assentada fez com que todos os aventureiros e “mantiqueiristas” que se dirigiam ao planalto do Itatiaia o utilizassem como abrigo de montanha. Para atingir o Posto era necessário realizar uma caminhada de cerca de 10 horas desde a porção mais baixa de Itatiaia.
















Destaca-se, nas primeiras décadas de funcionamento do Posto Meteorológico, as excursões de Carlos Spierling e Oswaldo Leal que em dezembro de 1919, acompanhados de Seraphim de Freitas morador do Posto Meteorológico, conseguem chegar ao ponto mais alto, o Itatiaiaçu. Neste mesmo ano é fundado o Centro Excursionista Brasileiro, o CEB, o primeiro da América Latina. Em 1920, Spierling e Oswaldo atingem o ponto mais alto do conjunto rochoso conhecido como Prateleiras. A conquista do Itatiaiaçu em 1919 e das Prateleiras em 1920 acabou por trazer para o planalto o montanhista Richard William Brackmann. Ele realizou inúmeras e variadas excursões nos anos de 1925, 1927, 1928 e 1938; sendo dele o primeiro registro de ascensão à Pedra do Couto, em 10 de outubro de 1927.

Antes mesmo da criação do parque, outro abrigo foi crucial para manter a importância desta trilha: o Abrigo Macieiras, construído na década de 20. Destaca-se ainda a passagem de algumas personalidades na década de 30 que em sua juventude visitaram a região e ainda não tinham a fama que viriam a conquistar anos mais tarde: Burle Marx, Vinicius de Moraes e o pintor Alberto Guignard.


Em 1937, fruto dos pleitos de inúmeros naturalistas, cientistas e amantes da região, é criado o Parque Nacional do Itatiaia no dia 14 de junho. A partir da década de 40, o PNI ganha um grande impulso na visitação, chegando a mais de 10 mil visitantes no ano de 1947, tendo outro “boom” no ano de 1952, quando chega a 30 mil visitantes.

Este aumento na visitação fez com que a administração do parque na época construísse dois abrigos, sendo chamados de Abrigo Rústico e Abrigo dos Excursionistas. Mais tarde foram batizados carinhosamente, prestando homenagem a dois ilustres personagens da história do Itatiaia: Abrigo Rebouças e Abrigo Massena.



Como a travessia Ruy Braga era o caminho mais rápido para o planalto, ela foi mantida e conservada até os anos 70. A abertura e construção da estrada de acesso às Agulha Negras diminuiu a importância da travessia, que lentamente foi sendo desativada. Em homenagem a um presidente do GEAN (Grupo Excursionista Agulhas Negras) e grande entusiasta da trilha, a Ruy Braga foi perdendo importância até para outras travessias que foram a coqueluche do parque até o início dos anos 90, a Travessia Rebouças-Mauá (via Rancho Caído) e a Travessia da Serra Negra.


















Décadas depois do fechamento das travessias no PNI, as federações de montanhismo dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo (FEMERJ e FEMESP), juntamente com o GEAN, AGUIMAN (Associação de Guias das Agulhas Negras) e AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras) se juntam para, em conjunto com a equipe do parque, iniciar o processo de reabertura destas travessias através da Câmara Técnica de Montanhismo e Ecoturismo.

A administração do parque criou a coordenação de uso público do planalto e inaugurou, em conjunto com o GEAN, uma exposição de caráter permanente sobre a história do montanhismo no ano em que o parque fez 70 de existência. Os resultados da retomada desta história e do apoio dado pelas entidades ligadas ao montanhismo começam a aparecer neste setembro.

Texto baseado na Exposição “Montanhismo em Itatiaia”, escrito em conjunto com Edson F. Santiago (na época presidente do GEAN), exposta no Centro de Visitantes do PNI.

Com exceção da fotografia histórica da travessia (1ª foto) o restante das fotografias são minhas.

Solicite orçamento pelo e-mail: mantiqueirista@yahoo.com.br